Os ossos de São Pedro estão no Vaticano? ‒ 1. A origem da dúvida
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Os ossos de São Pedro estão no Vaticano? ‒ 1. A origem da dúvida


São Pedro, imagem em bronze paramentada, basílica Vaticana
Luis Dufaur





A grandeza e o esplendor do conjunto arquitetônico da Basílica de São Pedro estão intrinsecamente unidos à glorificação de São Pedro, Príncipe dos Apóstolos.

Ele foi o primeiro da longa série de Papas que, como Vigários de Nosso Senhor Jesus Cristo, têm conduzido e conduzirão a Igreja até o fim dos tempos.

A Basílica foi construída em função do túmulo de São Pedro. Representação material consoladora da promessa de Nosso Senhor: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja” (Mt 16,18).

Porém, quando São Pedro radicou o seu trono em Roma, no ano 42, as aparências eram outras.

No século I, funcionava no local o circo de Calígula, um dos mais depravados Césares pagãos. Esse circo servia para corridas de quadrigas e os mais torpes espetáculos.

São Pedro viu aquele circo ser restaurado, engrandecido e enriquecido pelo imperador Nero, que iniciou as perseguições aos cristãos. O próprio São Pedro foi ali crucificado no ano 67.

O corpo do Apóstolo foi depositado num esquálido túmulo ao lado do circo; e os fiéis, nos interstícios das perseguições, o iam venerar.


Podemos imaginá-los cheios de fé, iludindo a vigilância da soldadesca e talvez ouvindo os bramidos das multidões no circo, aproximando-se cautelosamente para elevar uma prece naquele túmulo sagrado e revigorar sua certeza no triunfo da Igreja.

Levantam-se templos sucessivos

Planta de São Pedro. Azul: atual; marrom: constantiana-medieval; verde: Circo romano
Tem-se notícia de um singelo templo erguido sobre o túmulo de São Pedro pelos primeiros cristãos.

Nada dele restou, pois em seu lugar, no ano 325, Constantino, à testa de um Império cristianizado, mandou construir uma magnífica basílica em estilo romano, em honra do Príncipe dos Apóstolos.

Esta basílica constantiniana sofreu sucessivas reformas e acréscimos, e também toda espécie de calamidades.

Em 847, os sarracenos a pilharam. Para protegê-la dos maometanos, o Papa Leão IV a rodeou com um muro e torres fortificadas. A área assim protegida foi chamada de Cidade Leonina, que foi o embrião da hodierna Cidade do Vaticano.

Em volta da basílica surgiram igrejas e mosteiros. Os Papas construíram um dos seus melhores palácios. No interior, o venerando templo albergava quanto havia de mais precioso ofertado por gerações de peregrinos.

São Pedro, basílica constantiniana com reformas medievais.
Quando o Papa Martinho V retornou a Roma, encerrando mais de um século de cisma, a velha basílica semi-abandonada ameaçava ruir. Nicolau V quis edificar uma nova, mas faleceu em 1455, tendo completado apenas alguns alicerces.

Construção da atual Basílica

O Papa Júlio II confiou o plano da Basílica e a sua execução ao famoso arquiteto Bramante. Júlio II em pessoa, na presença de 35 cardeais, colocou a pedra fundamental há 500 anos, em 18 de abril de 1506.

A construção da Basílica durou mais de um século, tendo sido consagrada em 18 de novembro de 1626 por Urbano VIII. Bramante fora sucedido por artistas como Rafael e Michelangelo.

O Papa Paulo V dispôs que a Basílica tivesse forma de cruz latina, para melhor se adequar ao espírito da Contra-Reforma.

Porém, após tantos séculos e reformas começou um zum-zum que insinuava que as relíquia de São Pedro não estariam ali.

Em 1953 foi achado um antigo túmulo hebraico com a inscrição “Simão filho de Jonas”.

O achado arqueológico foi objeto de um livro “Gli Scavi del Dominus Flevit”, redigido por dois sacerdotes, os Pe. Bellarmino Bagatti OFM (1905-1990) e Józef Tadeusz Milik (1922-2006).

O livro foi alimentou a suspeita de que os ossos de São Pedro não se encontravam em Roma.

O historiador Schaff até avançou a idéia de que São Pedro nunca esteve em Roma. Para isso manipulou a Epístola de São Paulo aos Romanos, que remonta ao ano 58. Nela São Paulo não menciona São Pedro, embora cita os nomes de 28 líderes da igreja em Roma (Rom. 16:7). São Paulo que esteve também em Roma, onde foi martirizado, escreveu que “só Lucas está comigo”. [1 Tim. 4:11]

A instrumentalização das citações era de molde a semear a dúvida. Se em São Pedro de Roma não estão as relíquias de São Pedro como a Igreja sempre disse, Ela seria pega numa fraude risível.

continua no próximo post




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