Ciência e Tecnologia
Empresário aposta na sustentabilidade e fabrica canetas biodegradáveis
Aos 63 anos, em 2009, Arnaldo Di Giuseppe Filho se aposentou do Grupo Lecce Pen, empresa italiana fabricante de canetas, e decidiu empreender um negócio próprio. A experiência de 18 anos como diretor comercial do Grupo rendeu-lhe vasto conhecimento sobre as novas tecnologias e inovações de produto no setor em que atuava. O empresário decidiu apostar no desenvolvimento e comercialização de artigos de papelaria biodegradáveis e fundou sua empresa, o Grupo EkoBio, no final de 2008. Em 2010 lançou a primeira caneta plástica brasileira feita de plástico verde, ou bioplástico, e fechou o ano com faturamento de R$ 840 mil. O investimento inicial no negócio, cerca de R$ 800 mil, teve origem em recursos próprios do empresário. Ao longo de 2009, o dinheiro foi empregado em pesquisas para adaptar o modelo do produto final, a caneta, à nova matéria prima, o bioplástico. A principal vantagem do material é que se decompõe completamente em até 180 dias, fertilizando o solo sem deixar resíduos tóxicos no meio ambiente. Objetos feitos de plástico convencional demoram cerca de 500 anos para finalizar o mesmo processo. A primeira grande dificuldade encontrada pelo empresário foi obter o bioplástico. "Na época não havia ninguém no Brasil que fabricasse esse material. Precisei importar de uma empresa americana", conta.
O empresário afirma que de dois anos para cá já foi procurado por algumas empresas brasileiras querendo vender a ele a matéria. “Isso é um bom sinal, a concorrência abaixa os preços e nós aumentamos a competitividade do produto”, comemora. Tornar a caneta biodegradável competitiva é o segundo maior desafio de Arnaldo. Por conta da dificuldade para obter o plástico verde, e das especificidades do produto, o preço de custo de cada unidade é mais elevado em comparação às canetas convencionais, feitas de plástico normal.
A saída encontrada pelo empresário para dar fôlego comercial à sua empresa foi produzir também artigos de papelaria não biodegradáveis, que são mais baratos e mais rentáveis. "Nós trabalhamos com conceito, mas ainda temos que ter esses produtos para poder manter os preços competitivos. Todos falam muito em sustentabilidade, mas os clientes querem saber de preço. Apenas preço", lamenta. Apesar das dificuldades, o retorno que a empresa obtém com a venda das canetas biodegradáveis já chega a 50% do faturamento.
O Grupo EkoBio atua em dois segmentos, vende para o público final e para o mercado corporativo. Atualmente está desenvolvendo quatro outros artigos de papelaria e promocional próprios, além de outros 15 protótipos para empresas que trabalham com negócios sustentáveis. A empresa de Giuseppe terá pela frente uma longa caminhada, mas o empresário acredita em seu projeto e espera dobrar o seu faturamento ao longo de 2011. "Eu apostei nessa idéia por que conheço o mercado. Enquanto não tenho como investir, vamos construindo o negócio aos poucos, mas estamos procurando investidores para esse ano dar esse salto e poder reposicionar nossa marca", diz.
Fonte: http://revistapegn.globo.com
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