Se considerarmos o interior da estação espacial, teremos a impressão de que não há gravidade naquele local. Entretanto, se observarmos de fora da estação, de qualquer ponto da superfície terrestre, verificaremos que os astronautas estão caindo o tempo todo na direção da Terra. Eles – e a estação espacial – nunca chegam ao solo, pois, à medida que caem, a superfície da Terra (que é curva) se afasta na mesma proporção. Levando em conta esse referencial, existe sem dúvida a ação de uma força.
Da mesma maneira, um astronauta no interior de um foguete que está viajando no espaço profundo, longe da influência gravitacional de qualquer objeto celeste, mas com uma aceleração igual à da gravidade terrestre, terá a sensação de estar sobre a superfície da Terra. Se ele subir em uma balança para medir o seu peso, terá o mesmo valor de quando o mediu em uma balança na Terra. Será também fisicamente impossível para ele distinguir se o seu foguete está estacionado sobre a superfície da Terra ou viajando aceleradamente. Portanto, em ambas as situações, não se pode distinguir qual é de fato a ação que está ocorrendo.
Segundo o Princípio da Equivalência, não podemos saber, no caso do ônibus fazendo a curva, se estamos em um sistema acelerado ou se existe um campo gravitacional que nos puxa para fora (a não ser que haja alguma informação externa ao ônibus). Essa surpreendente constatação de Einstein levou à formulação da sua Teoria da Relatividade Geral, que em sua essência é uma nova teoria da gravitação, que modificou completamente a maneira de vermos o espaço e o tempo. A partir dessa teoria, pode-se compreender que a inércia está associada à gravidade e esta, por sua vez, à curvatura do espaço provocada pela presença da massa. Essa fantástica idéia, que abordarei futuramente, foi uma das maiores revoluções científicas de toda a história. Ela finalmente resolveu o enigma do movimento.
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A coluna Física sem Mistério é publicada na terceira sexta-feira do mês pelo físico Adilson J. A. de Oliveira, professor da UFSCar