Muito longe de querer fazer uma apologia ao feminismo, a sexta edição da revista Click Ciência dedica-se muito mais a traçar um panorama da participação da mulher na ciência, do que a traçar suas conquistas. A idéia desta edição surgiu em uma conversa com um dos professores fontes da reportagem, que nos informou sobre uma mudança que estava ocorrendo com respeito à participação da mulher, na ciência dos Estados Unidos.
Na Reportagem, não nos limitamos a descrever essa mudança, mas fizemos uma abordagem a mais. Nos textos dessa seção o leitor terá conhecimento de como foi o crescimento da atuação da mulher na ciência e de como é a participação delas nessa área nos dias de hoje. Na reportagem Profissão e família, um panorama da realidade vivida hoje por muitas mulheres que optam pela carreira científica e as discriminações ainda vivenciadas em pleno século XXI.
O terceiro texto da seção Reportagem fala sobre como as diferenças biológicas e as influências sociais podem explicar as diferentes habilidades de homens e mulheres. A redação da revista digital Click Ciência foi em busca de uma resposta para uma pergunta que a intrigava: A biologia explica o porquê alguns espaços acadêmicos são mais habitados por homens e outros por mulheres?
A entrevistada do mês é uma professora e pesquisadora da Universidade de São Paulo (SP), em São Carlos, Yvonne Primerano Mascarenhas. Nesta entrevista para a revista Click Ciência, Yvonne fala das dificuldades que a mulher, quando deseja obter sucesso na profissão, enfrenta; das mudanças no perfil das mulheres; e de que forma a igualdade entre os sexos está se dando.
Na seção Artigos, Hildete Pereira de Melo, professora da Universidade Federal Fluminense, traz em seu artigo uma reflexão sobre a batalha das mulheres para ter acesso à educação, que segundo a autora, está quase esquecida diante da possibilidade atual de todas se educarem e da crescente participação feminina nas escolas de todos os graus. Nos lembra das áreas onde a conquista da inclusão feminina é mais lenta, e nos traz algumas possíveis para a questão: já que não há mais nenhuma discriminação legal, por que as mulheres cientistas ainda são tão minoritárias, e qual a razão de tão poucas ocuparem posições relevantes no sistema científico e tecnológico?
Na mesma seção,
Em Colunistas, Roberto Baronas traz uma discussão sobre um tema que está em pauta não apenas entre os lingüistas, como também na mídia. O assunto faz referência à pesquisa publicada recentemente pelo antropólogo Daniel Everett. Nela, Everett, após estudar a língua Pirahã do Sul do Amazonas, parece colocar fim no longo período de estabilidade do paradigma chomskyano. Esse paradigma, melhor explicado no texto do colunista, prevê a existência de uma gramática universal comum a todas as línguas da humanidade. Segundo Baronas, se os argumentos de Everett, os seus "feitos heróicos" se confirmarem, os postulados de Chomsky estariam entrando em um período de crise para em seguida sofrerem uma profunda mudança.
A colunista
Silvio Dahmen descreve a história de duas cientistas que enfrentaram a discriminação por deixar os papéis a elas impostos pela sociedade e buscar seguir suas aptidões. A primeira é Hypatia, em Alexandria, filha do filósofo Theon. Segundo a história, ela alcançou tão grandes feitos em literatura e ciência que esses acabaram por ofuscar todos os filósofos de sua época. A segunda é Maria Salomea Sklodowska (1867-1934), conhecida como Madame Curie, sobrenome que adquiriu pelo casamento com o também físico francês Pierre Curie. Segundo o colunista os feitos de Madame Curie são impressionantes: foi a primeira mulher a se tornar professora na Sorbonne e a primeira pessoa a ganhar dois prêmios Nobel.
E como a edição fala da mulher na ciência, na seção Resenhas indicamos um filme que trata exatamente da condição da mulher na década de 50. O filme retrata a mulher e seus anseios em uma época em que o seu papel, segundo os costumes, era restrito a cuidar da família. O Sorrido de Monalisa relata a escolha da mulher em buscar o seu autodesenvolvimento ou se casar.