O que se passou naquele túmulo perto de Jerusalém por volta do ano 30 da era cristã, quando Jesus ressuscitou? Como é que sua imagem ficou impressa no precioso Sudário, hoje em Turim?
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A ciência pena em responder a essas e outras perguntas conexas, mas não arreda o pé – e faz bem –, procurando alguma pista que permita uma explicação. Pois até o momento ela se confessa incapaz sequer de entender o fenômeno.
Também por isso, a imprensa vai atrás dos especialistas em sindologia, nome da especialidade que estuda o Santo Sudário.
O presidente do Centro Internacional de Sindologia de Turim, professor Bruno Barberis, foi procurado incontáveis vezes a propósito do apaixonante tema. E respondeu mais recentemente à Rádio Vaticano:
Prof. Barberis – Certamente se tem progredido no estudo do Santo Sudário para saber como foi feito, mas no momento atual tudo é insuficiente para responder a esta interrogação, que continua sendo o enigma mais significativo e fascinante do Lençol.
Fizeram-se muitas hipóteses nos últimos 100 anos, mas todos os experimentos e tentativas de reproduzir num pano uma imagem com as mesmas características resultaram insatisfatórias.
Aos que supuseram que pudesse tratar-se efetivamente de uma marca deixada por um cadáver, foi-lhes necessário antes de tudo individuar o fenômeno físico ou químico que permitiria a um cadáver gerar uma impressão desse tipo. Até agora nada conseguiram.
Outros levantaram a hipótese de tratar-se de uma obra pictórica realizada por algum artista do passado.
Porém, nos pontos coloridos do Santo Sudário não foram encontrados nem pigmentos nem corantes de qualquer tipo.
Foi encontrado sangue e nós sabemos que é sangue humano do grupo AB.
Hoje ainda, o Santo Sudário deve ser definido como uma imagem irreproduzível. Isto não quer dizer que o seja de modo absoluto.
A ciência e a Fé convergem no Santo Sudário porque ele fala aos dois. O Santo Sudário relembra efetivamente e de modo inequívoco, com uma precisão verdadeiramente surpreendente, todas as características da Paixão de Cristo que os Evangelhos descrevem de modo literal.
Prof. Bruno Barberis, presidente do Centro Internacional de Sindologia, Turim.
Mas eu diria que é uma “provocação à inteligência”, sublinhando que, não obstante os estudos feitos e os conhecimentos científicos e tecnológicos do terceiro milênio, a imagem continua sendo inexplicável.
De fato, a ciência e a Fé não estão em oposição. Pelo contrário, são dois aspectos complementares para este objeto, o Santo Sudário, e caso se misturarem podem criar confusão e levar a afirmações desprovidas de sentido.
Mas, se cada uma se mantiver separada e trabalhando em paralelo, nos permitirão verdadeiramente adquirir uma noção de amplo espectro do objeto estudado.
Este fato nos permite chamar o Santo Sudário de “Quinto Evangelho” ou de “O espelho do Evangelho”. Aqui reside verdadeiramente o fascínio mais profundo que emana do Lençol de Turim.
Radio Vaticano – A análise de 1988 do Carbono 14 fixa uma data entre 1260 e 1390 d.C. Quais são os pontos fracos dessa análise e por que ela deveria ser refeita?
Prof. Barberis – Os pontos criticáveis não se referem tanto ao método, que é o que temos de melhor no momento atual para datar objetos de origem biológica, portanto contendo carbono, como é o caso de um tecido.
O pano oferece 100% de sua superfície à poluição ambiental. Aquela datação é anacrônica sob muitos pontos de vista.
Seria obviamente necessário refazê-la, mas somente no momento em que nossos conhecimentos físico-químicos, sobretudo do Lençol, e também biológicos, sejam de molde a nos permitir reconhecer os pontos mais adequados para extrair uma amostra.
E, em segundo lugar, conhecer bem o tipo de contaminações que possam existir para empreender a calibração do resultado.
No momento atual esses conhecimentos ainda não existem. Eis por que não é ainda oportuno repetir essa analise.
Radio Vaticano – Quais são os seus conselhos para perscrutar e ler o Santo Sudário?
Prof. Barberis – Antes de tudo, para poder lê-lo bem é necessário conhecê-lo previamente.
Por tanto, eu aconselho a todos aqueles que se aproximam do Santo Sudário, de aprender a conhecê-lo – utilizando obviamente os textos e os sites que falam do Santo Sudário.
E depois, ficando de frente daquela imagem, eu diria que é necessário deixá-la falar, é necessário deixar-se olhar por ela.
Quem se encontra diante do Santo Sudário se dá conta de que está sendo olhado, e então, nesse momento, é necessário pôr de lado o desejo de entender a fundo as características, os pontos essenciais, não procurar reconhecer aquilo que as descrições feitas por outros nos tinham fornecido.
É necessário que haja um diálogo entre essa imagem e aquele que a observa. Eu garanto a todos os que tentarem esta experiência, que no final de tudo eles se sentirão verdadeiramente interpelados.
E aí está o grande fascínio, o grandíssimo fascínio do Santo Sudário, que em cada exposição atrai milhões de peregrinos.
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